quinta-feira, 18 de junho de 2009

Poesia concretista-escrita por

E X T O R S Ã O M E D I A N T E S E Q U E S T R O

T R Á F I C O D E E N T O R P E C E N T E S

P R O S T I T U I Ç Ã O I N F A N T I L

L A V A G E M D E D I N H E I R O

H O M I C Í D I O D O L O S O

C O N T R A B A N D O

I M P U N I D A D E

C O R R U P Ç Ã O

E D U C A Ç Ã O


por que será que a educação esta em ultimo lugar?

Nosso Cerebro

O nosso cérebro é fantástico !!! De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem asLteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea.
Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.
Sohw de bloa.
Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a seu cérebro leia corretamente o que está escrito.

35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!

Glossário do texto "Dias de sombra, dias de luz"

algoz= (ô)
s. m.
1. Designação oficial do carrasco.
2. Fig. Verdugo, homem cruel

ambivalente=(ambi- + valente)
adj. 2 gén.
1. Que é dotado de ambivalência.
2. Que tem dois valores diferente

antinomia=s. f.
Contradição entre leis (e, por extensão, entre pessoas ou coisas).

disforme=adj. 2 gén.
Muito grande; monstruoso; desproporcionado.

encastelados=v. tr.
1. Fortificar (com castelo). 2. Meter em castelo. 3. Amontoar. 4. Pôr em lugar alto.
v. intr. 5. Elevar-se (a ave ferida de morte).
v. pron. 6. Encerrar-se. 7. Estribar-se; amontoar-se. -se.

introjetar=v. tr.
1. Fazer entrar; meter.
2. Intercalar.
v. pron.
3. Meter-se de permeio.
4. Meter-se onde não se é chamado.

leniente=adj. 2 gén. s. m.
Lenitivo.-adj.
1. Que acalma, que adoça.
s. m.
2. Lenimento; laxante.
3. Fig. Alívio; consolação.

passional=adj. 2 gén.
1. Relativo a paixão.
2. Motivado pela paixão e particularmente pela do amor.
s. m.
3. Passionário.

secular=adj. 2 gén.
1. Relativo a século.
2. Que se repete de cem em cem anos.
3. Que dura há muitos séculos, que é muito antigo.
4. Civil; mundano.
s. m.
5. Leigo; aquele que não está sujeito a nenhuma ordem religiosa.
Braço secular: a justiça civil.

vampiresca=adj.
Que tem o carácter!, a avidez do vampiro.


terça-feira, 16 de junho de 2009

Sebastião

Wilmar Gama de Souza
Nasci desta cor, não fui eu que escolhi, 
Não pedi pra ser preto, não dependeu de mim; 
Foi a mãe natureza quem fez a escolha, a opção; 
Podia ter sido você, já pensou nisso, por que não?
Pois me chamam “negão,” “tição,” até mesmo de “carvão”, 
Uns nem se incomodam de meu nome não saber, 
Pra que nome? 
Se apelido é mais fácil, difícil esquecer.
Vivo e convivo com as piadas, a gozação sem sentido para mim, 
Sem motivo para eles, apenas diversão.
Destas pessoas sem brios, sem alma, nem coração.
Pois sou negro nato, não sou mulato, sou puro de pai e mãe, 
Descendentes do Sudão, sou preto e sem preconceito, 
goste de mim quem quiser, 
Me faça entender você que ainda não sabe o que quer, 
Que vive em um passado que há muito já se foi, 
Um tempo de desgraças, de aflição do meu povo.
Agora, grito de novo suplicando liberdade, 
procurando nas pessoas, 
Os traços da igualdade
Que fazem de uma Nação sua força, seu patrimônio. 
O povo, o ser Humano.
Tanto faz a cor que tem, pois é a ele que convém 
Escrever a sua história e a mudá-la também.
Cabe-nos, porém, mudar todo este conceito, 
Para que nem nas piadas esbraveje o preconceito fantasiado de alegria, 
Demonstrando a hipocrisia que o povo ainda tem.
Sou negão, não sou mulato, sou negro nato e meu nome é...

Discurso de Deus a Eva



Millôr Fernandes


"... Eva, de repente, descobrindo uma bela cascata, resolveu tomar um banho de rio.  A criação inteira veio então espiar aquela coisa linda que ninguém conhecia.  E quando Eva saiu do banho, toda molhada, naquele mundo inaugural, naquela manhã primeval, estava realmente tão maravilhosa que os anjos, arcanjos e querubins, ao verem a primeira mulher nua sobre a Terra, não se contiveram, começaram a bater palmas e a gritar, entusiasmados: "O AUTOR! O AUTOR! O AUTOR!".

"P.S. - Este discurso do Todo-Poderoso está sendo divulgado pela primeira vez em todos os tempos, aqui neste livro.  Nunca foi publicado antes, nem mesmo pelo seu órgão oficial, A BÍBLIA."


"Minha cara,

eu te criei porque o mundo estava meio vazio, e o homem, solitário. O Paraíso era perfeito e, portanto, sem futuro. As árvores, ninguém para criticá-las; os jardins, ninguém para modificá-los; as cobras, ninguém para ouvi-las. Foi por isso que eu te fiz. Ele nem percebeu e custará os séculos para percebê-lo. É lento, o homenzinho. Mas, hás de compreender, foi a primeira criatura humana que fiz em toda a minha vida. Tive que usar argila, material precário, embora maleável. Já em ti usei a cartilagem de Adão, matéria mais difícil de trabalhar, mais teimosa, porém mais nobre. Caprichei em tuas cordas vocais, poderás falar mais, e mais suavemente. Teu corpo é mais bem acabado, mais liso, mais redondo, mais móvel, e nele coloquei alguns detalhes que, penso, vão fazer muito sucesso pelos tempos a fora. Olha Adão enquanto dorme; é teu. Ele pensara que és dele. Tu o dominarás sempre. Como escrava, como mãe, como mulher, concubina, vizinha, mulher do vizinho. Os deuses, meus descendentes; os profetas, meus public-relations, os legisladores, meus advogados; proibir-te-ão como luxúria, como adultério, como crime, e até como atentado ao pudor! Mas eles próprios não resistirão e chorarão como santos depois de pecarem contigo; como hereges, depois de, nos teus braços, negarem as próprias crenças; como traidores, depois de modificarem a Lei para servir-te. E tu, só de meneios, viverás.

Nasces sábia, na certeza de todos os teus recursos, enquanto o Homem, rude e primário, terá que se esforçar a vida inteira para adquirir um pouco de bens que depositará humildemente no teu leito. Vai! Quando perguntei a ele se queria uma Mulher, e lhe expliquei que era um prazer acima de todos os outros, ele perguntou se era um banho de rio ainda melhor. Eu ri. O homem e um simplório. Ou um cínico. Ainda não o entendi bem, eu que o fiz, imagina agora os seus semelhantes.

Olha, ele acorda. Vai. Dá-me um beijo e vai. Hmmmm, eu não pensava que fosse tão bom. Hmmmm, ótimol Vai, vai! Não é a mim que você deve tentar, menina! Vai, ele acorda. Vem vindo para cá. Olha a cara de espanto que faz. Sorri! Ah, eu vou me divertir muito nestes próximos séculos!"


Texto extraído do livro
 "Esta é a verdadeira história do Paraíso", Livraria Francisco Alves Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. s/nº.