terça-feira, 16 de junho de 2009

Sebastião

Wilmar Gama de Souza
Nasci desta cor, não fui eu que escolhi, 
Não pedi pra ser preto, não dependeu de mim; 
Foi a mãe natureza quem fez a escolha, a opção; 
Podia ter sido você, já pensou nisso, por que não?
Pois me chamam “negão,” “tição,” até mesmo de “carvão”, 
Uns nem se incomodam de meu nome não saber, 
Pra que nome? 
Se apelido é mais fácil, difícil esquecer.
Vivo e convivo com as piadas, a gozação sem sentido para mim, 
Sem motivo para eles, apenas diversão.
Destas pessoas sem brios, sem alma, nem coração.
Pois sou negro nato, não sou mulato, sou puro de pai e mãe, 
Descendentes do Sudão, sou preto e sem preconceito, 
goste de mim quem quiser, 
Me faça entender você que ainda não sabe o que quer, 
Que vive em um passado que há muito já se foi, 
Um tempo de desgraças, de aflição do meu povo.
Agora, grito de novo suplicando liberdade, 
procurando nas pessoas, 
Os traços da igualdade
Que fazem de uma Nação sua força, seu patrimônio. 
O povo, o ser Humano.
Tanto faz a cor que tem, pois é a ele que convém 
Escrever a sua história e a mudá-la também.
Cabe-nos, porém, mudar todo este conceito, 
Para que nem nas piadas esbraveje o preconceito fantasiado de alegria, 
Demonstrando a hipocrisia que o povo ainda tem.
Sou negão, não sou mulato, sou negro nato e meu nome é...

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